sábado, 14 de novembro de 2009

Spaece-Alfa -Ceará


A avaliação do Spaece-Alfa oferece um terreno fértil para a reflexão sobre as ações voltadas para a qualidade da educação dos alunos das escolas públicas do Ceará, com foco na alfabetização. Investir numa política de alfabetização das crianças já nos primeiros anos de escolaridade mostra-se uma decisão acertada para diagnosticar e resolver, na base, um sério problema da educação dos dias atuais, que é o “analfabeto escolarizado” ao término do ensino fundamental e também do ensino médio.
Nessa linha, avaliações externas do tipo do Spaece-Alfa assumem uma dimensão importante no que tange ao levantamento de elementos que possibilitam uma leitura do real estágio de desenvolvimento do processo de alfabetização das crianças. Uma primeira constatação foi a confirmação dos dados apresentados pelas avaliações realizadas pelo Paic, ou seja, em termos gerais, cerca de 47,4% dos alunos do 2º ano do ensino fundamental avaliados pelo Spaece-Alfa não demonstraram as condições aceitáveis de apropriação da linguagem escrita ou para agir sobre textos. Observam-se, contudo, sinais de melhorias, considerando que a média estadual de proficiência dos alunos situa-se no nível intermediário.
Dentre as informações avaliativas observadas, chama a atenção a forma de composição e distribuição geográfica das turmas do 2º ano do ensino fundamental das escolas públicas no Estado: 50% das escolas possuem uma turma, a qual muitas vezes tem somente oito alunos. Outra constatação é a existência de um número significativo de classes multisseriadas, correspondendo a quase 40% do total das turmas. Considerando que a literatura se refere ao menor desempenho de alunos em turmas muito pequenas, bem como as características do funcionamento precário de algumas dessas classes, faz-se urgente a tomada de decisão por parte dos gestores no sentido de melhor planejarem o atendimento a esse grupo de alunos, mediante a
implementação de uma política de nucleação das matrículas. Outra constatação que merece reflexão foi o fato de algumas escolas públicas se estacarem nos resultados da avaliação, apresentando médias de proficiência muito elevadas quando comparadas à média do Estado. Tal situação reflete a falta de eqüidade do sistema, com diferenças significativas de desempenho entre escolas. Ao mesmo tempo, os resultados alcançados por essas escolas vislumbram um horizonte otimista e possível quanto ao desempenho almejado. Esse fenômeno remete para a necessidade de se fazer estudos mais aprofundados, de natureza qualitativa, a fim de identificar as causas e razões que explicam esses bons resultados, com o intuito de servir de balizamento para contextos similares, sobretudo no que concerne a alfabetização dos alunos.

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